segunda-feira, 24 de março de 2014

O inventor do turismo. Marc Boyer

J.J. Rousseau é habitualmente apresentado como o inventor do turismo. Larousse que foi o primeiro dicionário a consagrar um longo artigo à palavra turista qualificava Rousseau de “primeiro turista”. “No tempo das diligências e das barcaças fluviais, o turista não existia; só havia viajantes... Apesar da ausência e meios de comunicações fáceis, o século XVIII viu J. J. Rousseau dar o primeiro exemplo aos turistas, com os seus longos passeios pedestres na Suíça e na Itália, com o saco às costas e o bastão na mão, comendo pão escuro, leite e cerejas, em verdadeira comunhão com a natureza”. Rousseau, de facto, peregrinava a pé. 

Marc Boyer, Histoire Générale du Tourisme, du XVIe au XXe siècle. Paris, L´Harmattan, 2005. p. 77.

2 comentários:

  1. Que viaje à roda do seu quarto quem está à beira dos Alpes, (1) de inverno, em Turim, que é quase tão frio como S. Petersburgo — entende-se. Mas com este clima, com esse ar que Deus nos deu, onde a laranjeira cresce na horta, e o mato é de murta, o próprio Xavier de Maistre, que aqui escrevesse, ao menos ia até o quintal.
    Eu muitas vezes, nestas sufocadas noites de estio, viajo até a minha janela para ver uma nesguita de Tejo que está no fim da rua, e me enganar com uns verdes de árvores que ali vegetam sua laboriosa infância nos entulhos do Cais do Sodré. E nunca escrevi estas minhas viagens nem as suas impressões pois tinham muito que ver! Foi sempre ambiciosa a minha pena: pobre e soberba, quer assunto mais largo. Pois hei de dar-lho. Vou nada menos que a Santarém: e protesto que de quanto vir e ouvir, de quanto eu pensar e sentir se há de fazer crónica.
    /…/

    GARRET, Almeida. Viagens na minha terra. [s.l.]: Ediouro, [s.d.].

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  2. CATEGORIZANDO OS VIAJANTES

    Deste modo, todo o vasto círculo de viajantes pode resumir-se nos seguintes Títulos:
    Viajantes Ociosos,
    Viajantes Curiosos,
    Viajantes Mentirosos,
    Viajantes Orgulhosos,
    Viajantes Vaidosos,
    Viajantes Esplenéticos.
    A estes seguem-se os viajantes da Necessidade:
    O Viajante delinquente e criminoso,
    O Viajante infeliz e inocente,
    O Viajante simples,
    e por último (se me dais licença) O Viajante Sentimental (querendo com isto dizer, eu próprio) - que viajou movido tanto pela Necessidade e pelo besoin de Voyager como qualquer outro da sua classe, e do qual agora me sento para vos dar o relato.

    Laurence Sterne, UMA VIAGEM SENTIMENTAL, Lisboa, Antígona, 1999, pp. 34-35.

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