domingo, 2 de fevereiro de 2014

Missal iluminado. Alain Borer

O meu livro preferido é o meu passaporte, o único in octavo que abre as fronteiras, missal ornado de iluminuras da era aviónica. Algumas páginas ainda virgens, promessas tangíveis de novas viagens, potencialmente disponíveis para acolher todas as imagens do mundo.

Alain Borer, na obra colectiva Pour une Littérature Voyageuse, citado por Frank Michel, Du Voyage et des Hommes. Paris, Livre du Monde, 2013, p. 191.

1 comentário:

  1. PASSA-PORTAS

    Gregorius sentou-se à mesa da cozinha e tentou escrever uma carta ao reitor. Mas, ou as frases lhe saíam num tom demasiado brusco, ou tentava desculpar-se, como mendigando compreensão. Às seis horas telefonou às informações dos caminhos-de-ferro. Partindo de Genebra a viagem durava vinte e seis horas, Passava por Paris e Irún, no País Basco, e daí seguia no comboio nocturno em direcção a Lisboa, onde chegaria por volta das onze da manhã. Gregorius reservou o bilhete. O comboio para Genebra partia às sete e meia. [...].
    Enviou a carta no correio da estação. A seguir, ao tirar dinheiro na caixa multibanco, reparou que as suas mãos tremiam. Limpou os óculos, assegurou-se de que trazia consigo o passaporte, os bilhetes de viagem e a agenda pessoal. Encontrou um lugar à janela. Quando o comboio abandonou a estação em direcção a Genebra nevava em grandes flocos lentos.

    Pascal Mercier, COMBOIO NOCTURNO PARA LISBOA, Lisboa, Dom Quixote, 2008, pp. 39-41.





























































































    PASSA-PORTAS



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